Uma partida de futebol pode provocar tantas coisas, que a cada dia eu e o Rafa, quando descobrimos detalhes pouco contados sobre algumas delas, ficamos com mais vontade de explorá-las e levar para o nosso canal no YouTube, o Pés Descalços FC.
Chegamos então ao sexto episódio com a partida que foi decisiva para mudar até a geografia do planeta bola.
Levamos ao nosso canal e contamos como a Austrália conseguiu a maior goleada em uma partida oficial entre duas seleções.
No dia 11 de abril de abril de 2001, a Austrália alcançou essa façanha ao golear Samoa Americana por 31 a 0 e se tornou o país recordista de gols em uma partida oficial entre seleções na história, no confronto disputado pelas Eliminatórias para Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão.
Na época, lembro bem, eu já era um jornalista esportivo e foi um espanto geral.
A Austrália sempre teve um futebol muito superior aos concorrentes da Oceania, mas uma goleada assim está fora de qualquer prognóstico.
Agora, em parceria com o Rafa, pude relembrar e entender alguns pontos fundamentais que contribuíram para esse recorde de gols.
Austrália encara os garotos de Samoa
Sim, só por esse título acima já dá para entender por que a Austrália fez o quis contra a Samoa Americana.
A seleção de Samoa Americana teve problemas com o visto do passaporte. Assim, a maioria dos jogadores do elenco principal não conseguiram autorização para entrar na Austrália.
Por causa do entrave burocrático, apenas um jogador com mais de 20 anos participou daquela partida, o goleiro Nicky Salapu, personagem este que contarei com mais destaque no próximo tópico.
O problema aumentou porque não foi possível convocar atletas da equipe sub-20. Sobraram apenas jogadores jovens como opção, três deles com apenas 15 anos. Alguns deles nunca haviam participado de uma partida inteira.
Do lado australiano, alguns detalhes interessantes. Como a equipe havia atuado dois dias antes e vencido por 22 a 0 a seleção de Tonga, o técnico Franck Farina escalou os reservas.
Por isso, o atacante Archie Thompson quebrou o recorde de maior número de gols marcados por um jogador em uma partida internacional, com 13. Já o outro atacante, David Zdrilic, com oito gols marcados, tornou-se o segundo jogador com o maior número de gols.
Goleiro de Samoa fica feliz e vira herói nacional
Se você pensa que o goleiro ficou frustrado com tantos gols sofridos, então você se enganou.’Se você pensa que o goleiro ficou frustrado com tantos gols sofridos, então você se enganou.
Muito pelo contrário, jornalistas que cobriram a partida da época escreveram que o placar só não foi maior por causa da atuação do goleiro Nicky Salapu.
O Rafa lembrou que o mais experiente jogador da seleção de Samoa Americana em campo se tornou ídolo no país.
“Eu não me sinto envergonhado porque nós aprendemos coisas com eles. Se nós tivéssemos todos os nossos jogadores, talvez seriam apenas cinco ou seis gols, mas já que eu estava sem meus melhores defensores não pude fazer nada”, disse Salapu após a partida.
Reconhecido pelo seu talento, em 2012, Salapu deixou a Samoa Americana e foi contratado pelo Mitra Kukar, da Indonésia, e se tornou o primeiro jogador do seu país a assinar contrato com um clube profissional.
Nesta mesma linha de raciocínio, o técnico Tony Langkilde elogiou a atuação do seu goleiro. “O placar se manteve pequeno diante de tão magnífica apresentação”.
Além disso, o treinador enalteceu a visibilidade para o seu país. “Agora somos reconhecidos pela Fifa, isto ajudou muito em difundir o futebol nas ilhas”, disse.
Apesar de sofrer goleada após derrota, em novembro de 2011, em partida de qualificação para a Copa do Mundo de 2014, Salapu viveu sua maior alegria. A Samoa Americana derrotou Tonga por 2 a 1, a primeira vitória da história desta seleção em uma fase de qualificação mundial.
“Sinto-me um campeão. Finalmente vou deixar meu passado para trás”, declarou, na época, Salapu.
Ah, como o Rafa bem lembrou existem duas Samoas, essa é a ilha conhecida como Samoa Americana, território na Oceania não incorporado aos Estados Unidos.
A outra Samoa, que também é uma ilha na Oceania, pertence ao Reino Unido.

Sobre essa disputa das Eliminatórias é importante dizer que, na época, a Oceania não tinha uma vaga garantida.
A Austrália teve que passar por uma repescagem contra o quinto colocado da América do Sul, no caso o Uruguai, que levou a melhor e se classificou para o Mundial, disputado na Coreia do Sul e Japão.
Austrália deixa o seu continente e vai para Ásia
Como eu disse na introdução, o futebol tem poder de mudar até a geografia do planeta bola.
Antes disso, essa vitória e outras goleadas que aconteceram nas eliminatórias da Oceania para a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, contribuíram para a reintrodução de uma fase preliminar para as equipes mais fracas do continente.
Com menos jogos e o aprendizado no ciclo anterior, a Austrália voltou a encarar a seleção uruguaia na repescagem. Dessa vez, conseguiu levar a vaga para o Mundial na Alemanha.
Na sequência, por causa da superioridade entre os concorrentes da Oceania, a partir das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a Austrália passou a disputar a vaga pela Ásia.
Neste cenário, a mudança fez muito bem aos australianos, que evoluíram tecnicamente e conseguiram a classificação para as Copas de 2010, citada acima, 2014 (Brasil), 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar).
Agora para conferir o episódio completo basta acessar os dois links abaixo, primeiro pelo YouTube e o segundo na plataforma do Spotify.
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Por fim, lembrar que aqui neste blog você pode acessar os bastidores de todos os episódios anteriores, tem sobre o Rei Pelé, a Groenlândia, o Vaticano, a rivalidade histórica entre Escócia e Inglaterra e o o Íbis, saco de pancadas, que adora perder uma partida.
Até o próximo episódio.